segunda-feira, 30 de maio de 2016

Scatterbrain (Crítica de Vitor Estevan)

Estou publicando aqui a carta que meu amigo Vitor me enviou com sua crítica a respeito do meu 5º álbum Scatterbrain. 




Carta sobre Scatterbrain

Amigo Rafa,

Decidi fazer em formato de carta porquê dessa vez ficou grande heheh. Mas espero que leia tudo.
Minhas impressões gerais destacam a influência do White Stripes (comento em algumas canções) e o uso da guitarra pesada. É um álbum melancólico, mesmo nas faixas mais agitadas. A mistura dessas duas coisas (guitarra pesada e melancolia) geralmente me remetem a bandas que não lembro o nome e prefiro não lembrar. Sua música e seu álbum me fizeram mudar de ideia. É uma excelente forma de expressar isso.

Artisticamente, seus solos são muito bem compostos e encaixam muito bem na música. As linhas de baixo voltam a se destacar e novamente impressionam. Acho que as linhas de bateria foram uma grande evolução nesse trabalho. Percebi uma preocupação a mais com as finalizações que só contribuíram para concluir com a ideia de cada obra.

Do ponto de vista do hardware, o fuzz bigmuff no Vox AC30 ficou sensacional! As guitarras mais limpas lembram o Marshell Plex com menos ganho. A mistura dos dois timbres foi extremamente inteligente cara!!! O tipo de coisa que vão lhe copiar quando descobrirem.

Abaixo vou citar um pouco das canções que mais me tocaram:

Meu Medo é Perder a Ilusão/Scatterbrain

Vou falar das duas juntas porque soaram com Death Proof. Meu primeiro destaque é a ligação das duas faixas com o baixo. A primeira música é uma grande introdução para o disco. Incluindo a própria intro da música. As quebradas de bateria e os ataques no prato já apresentam muito bem o que está por vir. Principalmente o tom melancólico e o peso.

A Scatterbrain tem um refrão fantástico! O ritmo do verso é novo pra mim, ficou muito bom. Lembrou um pouco de Red Hot. As frases de fuzz encaixam muito música. Novamente uma quebrada sensacional seguindo para o fade out muito inteligente. Não consigo pensar como poderia encerrar melhor. Algo que achei interessante foi a voz - parece meio metálica aqui. Ficou legal cara!

Por Um Punhado de Amor

Uma marca registrada do Chiavegati. A música faroeste do disco! Começando pela referência do nome. O órgão deu um toque especial! E mais uma vez a finalização ficou muito boa com as frequências ressoando.

Ansiedade Blues

Já curti o riff e os petelecos na condução aqui! E tem um “zinc” de harmônicos que contribui para o peso da música. Mano... essa é pesada ein hahahaha.

Campos do Jordão

Acho que a maior evolução deste disco foram as linhas de bateria, como citei acima. A música tem um ritmo extremamente contagiante. Adoro músicas que contam uma história! Não pude deixar de lembrar da Clarice Falcão cujos álbuns são inteiros assim. E depois de comprar uma flautinha nada melhor que tocá-la não!? Acho que o voice das flautas mudou e, novamente, um toque especial na finalização.

Hope

O solo desse som me lembrou uma gaita de fole. Acho que por essa razão esse som me lembrou esses hinos do rock.

Rafaela

Ooouuuwww que fofo cara. A mudança do acorde maior direto para o menor é dificílima de empregar. Mas, quando funciona, fica ótimo! Temos o exemplo de Anna do Beatles. Bost de distorção no meio solo me deu ideias. Adorei a parte final dessa música! Foi uma viagem para ’72. E olha o finalzinho aeeee

Kerosene

O som mais influenciado pelo Jack White! E senti um pouco de Red Hot novamente. Acho que pelo timbre do baixo. Direta, reta e completa! Essa dá pra bater cabeça.

Sometimes I Find Myself Lost

Antes de começar já dá para sacar o vinil e o estilo. Ainda assim é uma surpresa com o blues começa. Ainda mais quando o órgão faz a cama. Pra mim é a sequência (espiritual) da Scatterbrain, fechando a trinca. O solo desse som é foda!!!

Não Quero Morrer aos 27

Mais de influência de White Stripes certo? Ficou muito legal cara. Mais uma agitar!

Delírio

Outra viagem. Mais agora foi the Bus Hahahah

For a Few Love More

A sequência de meus pensamentos: - Pela referência teremos mais uma clássica do velho oeste. Eba! Daí começa uma balada cheia de charme.

- Beleza a balada está bem legal Daí as trombetas entrar rasgando tudo! - Eita... Viche... Que foda!!! É de arrepiar!!! Daí Vitor se emociona, ergue os braços em comemoração e sai bailando com notebook no braço com toda sua malemolência e elegância. - Que filha da puta! Ainda colocou mais solo uma finalização de arrepiar! E tem até viola.

Country Folking Blues

Cara. O timbre sua voz está animal aqui. Isso é Punk. Ou pré punk. Ou post pre punk. O viola é impressionante cara. Nunca achei que combinaria tão bem com um baixo tão pesado. O mais impressionante na questão de produção é o trabalho com os volumes das fixas.

Peço desculpas pela demora de quatro meses. A verdade é que fiquei triste quando ouvi da primeira vez e isso dificultou a conexão com música. E também sou preguiçoso. Agora que consegui de fato ouvir e escutar escrevi a carta.

Chiavegati, seu trabalho é sensacional! Mais um vinil/disco que desejo ter em minha estante.
Abração!

São Paulo, 23 de abril de 2016.
Vitor Estevan

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Caso tenha se interessado em ouvir o álbum:


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